O pé talvez seja o segmento do corpo que mais preocupa os pais, e muita coisa é dita sobre a ausência da curva do pé.
O que chamamos de “pé plano” ou “pé chato”, prejudica a criança?
Existe um valor normal para o tamanho da curvinha medial do pé?
Ouço no consultório queixas como:
– Meu filho tem uma curva do pé pequena e tem muitas quedas quando anda, enquanto o irmão tem uma curvinha maior e não cai.
– Será que alguma coisa está errada, a curvinha do pé tem alguma relação com as quedas?
E o que falar sobre os pés que têm um exagerado arco medial?
Esses pés são patológicos?
Conheça tudo sobre o assunto:
Não existe um valor numérico para a curva medial normal dos pés. Ao analisarmos o formato dos pés, nos referimos apenas à presença ou ausência do arco medial. Crianças que não apresentam o arco medial dos pés têm o diagnóstico de pé plano.
Da mesma forma que não há um valor normal para a curva dos pés, há pacientes que apresentam um exagerado arco medial, situação denominada por nós médicos, como pé cavo.
Portanto, o tamanho da curva medial dos pés é um critério meramente subjetivo e ter um pé plano ou cavo não significa dizer que tem patologia nos pés.
Será que podemos usar um critério subjetivo como esse, para definir um pé como patológico e, portanto, indicar algum tratamento? De forma isolada, ter ou não a curva medial do pé não tem nenhum significado e não indica necessidade de tratamento.
Para classificarmos um pé plano ou um pé cavo como patológico, é preciso um conjunto de outros fatores presentes.
Pés normais podem ser planos?
Sim, a curva medial do pé não é um critério usado na definição de pé normal. Se um pé é plano, porém apresenta todas as outras características normais,ou seja, indolor, movimentos livres, sem calos plantares ou deformidades nos dedos, então este será considerado um pé plano fisiológico, ou seja, com sua função normal e, portanto, não precisa de tratamento. Da mesma forma que pés considerados como tendo exagero no arco medial mas com as outras característica normais, não são patológicos e, portanto, não precisam de tratamento.
Todo o pé plano deve ser menosprezado?
Não. Muito pelo contrário, deve ser sempre valorizado para justamente identificarmos e diferenciarmos os patológicos dos fisiológicos e iniciarmos o tratamento naqueles que precisarem.
Quando o pé plano será um problema?
Quando forem dolorosos, rígidos, impedindo a marcha adequada e a prática de esportes e associados a caminhar mancando constantemente.
Esses são patológicos e precisam de consulta médica, exame físico, exame de imagem para o diagnóstico da causa e definição do tratamento.
E o pé cavo, quando será um problema?
Quando for progressivo, doloroso, associado a deformidade em “garra” dos dedos com calosidades plantares, fraqueza dos músculos do tornozelo e pé, e a mancar constantemente. Como vimos, a curva medial do pé não é um critério usado na definição de pé normal.
O que é mais comum? Pé plano ou pé cavo?
Sem dúvida, pé plano é mais comum. A maioria deles são fisiológicos, não levam ao prejuízo na marcha, quedas frequentes ou a deformidades nos joelhos. Não são dolorosos e não precisam de tratamento e devem ser acompanhados.
O uso indiscriminado de palmilhas e suas consequências:
O tratamento do pé plano fisiológico deve ser evitado a todo custo. O uso ou prescrição de palmilhas para pés quando não há necessidade, é considerado excesso de tratamento e portanto, um equívoco. Não traz nenhum benefício, e, muito pelo contrário, está associado à dificuldade de adaptação por parte da criança. Muitas não aceitam o uso, além de custo para a família desnecessário, sendo completamente dispensáveis.
Não há estudos científicos que comprovem que palmilhas fazem a curva dos pés ou previnam o surgimento de pés patológicos. Também não se sabe qual o tempo necessário de uso diário para ter algum benefício. Concluímos que o formato do pé é importante para o bom desempenho motor da criança, porém pés fisiológicos devem ser acompanhados e a opinião especializada é fundamental para evitar excesso de tratamento em pés que não precisam.
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
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