Quando falamos de rigidez do cotovelo estamos nos referindo à limitação na mobilidade articular para a extensão e flexão.
A limitação da mobilidade do cotovelo causa diversos problemas para as atividades diárias e coisas simples, feitas por nós, passam a ser um grande problema, ou seja, a limitação na flexão dificulta levar a mão a boca (para a alimentação), levar a mão até a cabeça e rosto (para higiene, escovar dentes, falar ao telefone, pentear o cabelo).
Com relação à limitação na extensão, os pacientes têm dificuldades para vestir roupas, fazer a higiene do períneo, fazer esportes, além de queixas estéticas com a aparência do cotovelo sempre fletido.
Muitas vezes, além da rigidez, as crianças e adolescentes apresentam dor com a manipulação passiva forçada, o que dificulta ainda mais o dia a dia desses pacientes.
Na maioria das vezes, a rigidez ocorre após o tratamento de fraturas isoladas do cotovelo, luxações isoladas ou de traumas mais complexos como a fratura-luxação do cotovelo, sendo conhecida como rigidez pós-traumática.
Pode ocorrer mesmo após o tratamento conservador (não operatório) ou após tratamento cirúrgico.
Por que a rigidez ocorre?
Por diversos fatores que precisam ser definidos na avaliação médica de cada caso.
Fatores como:
– Consolidações viciosas (quando a fratura consolida fora da sua posição anatômica);
– Incongruência articular (quando a superfície articular está com alguma irregularidade);
– Impactos ósseos ou de material de síntese, usado em casos que foram operados (quando há colisão de fragmentos ósseos ou de síntese ortopédica, impedindo a mobilidade completa);
– Fragmento ósseo intra-articular (presença de espículas ósseas dentro da articulação);
– Contraturas e encurtamentos da cápsulas e ligamentos (cicatrizaram com fibrose)
Na avaliação médica, é importante determinar a presença de dor articular, o grau de movimento atual, qual o principal movimento limitado (flexão ou extensão), se existe ou não sinal de neurite, ou seja, irritação dos nervos que passam próximo ao cotovelo e quais as incapacidades funcionais.
A avaliação com imagens é fundamental para o completo estudo do problema.
Como tratar?
O objetivo do tratamento é restabelecer o arco de movimento funcional do cotovelo, permitindo assim a realização das atividades diárias, além de diminuir as queixas dolorosas associadas.
O tratamento é desafiador, difícil, prolongado e exige colaboração da criança ou adolescente bem como um perfeito entendimento do problema por parte de familiares ou cuidadores.
As modalidades de terapias existentes são:
– Exercicios fisioterápicos supervisionados por profissional capacitado (exercicios ativos e passivos).
– Utilização de órteses ou braces com dobradiça para ganho de mobilidade.
– Casos resistentes e refratátrios ao tratamento conservador, devemos considerar o tratamento cirúrgico abordando as causas para a rigidez, de acordo com cada caso em questão.
As cirurgias podem ser artroscópicas ou abertas.
Ainda existe um predomínio das cirurgias abertas, principalmente para aqueles casos em que há necessidade de retirada de material de síntese ortopédica e de realização de liberações dos nervos periarticulares (neurólise).
Importante ressaltar que é fundamental a manutenção da fisioterapia motora no pós-operatório e da órtese, para manutenção da mobilidade obtida.
Obrigado pela atenção.
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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