É a patologia ortopédica mais comum do quadril do adolescente.
Trata-se de um enfraquecimento da região de crescimento do fêmur proximal, localizado no quadril, caracterizando-se por um deslizamento progressivo da cabeça femoral.
A anatomia do quadril fica modificada com a doença, predispondo a destruição progressiva articular e o surgimento de osteoartrose precoce.
A causa é desconhecida, mas pode estar associada à doenças endócrinas (hipotireoidismo, terapia com hormônio do crescimento, para tratamento de baixa estatura), doenças renais ou radioterapia.
A maioria das crianças acometidas pela patologia são obesas ou com sobrepeso.
Pode acometer também aquelas com biotipo magro e longilíneo.
A faixa etária mais acometida varia entre 12 e 13 anos, podendo ser mais cedo nos casos de patologias endócrinas associadas.
É mais comum em meninos.
Pode acometer um ou os dois quadris.
Os casos tratados com patologia unilateral devem ter o acompanhamento do outro quadril, pois existe a possibilidade de surgimento da patologia, até 18 meses após o diagnóstico.
As manifestações clínicas:
– Dor no membro inferior, podendo localizar-se na virilha, quadril, coxa ou ser referida no joelho.
É muito importante analisar sempre o quadril de adolescentes que reclamam de dor no joelho, pois alguma vezes, a patologia responsável localiza-se no quadril.
– Dificuldade para caminhar, geralmente as crianças caminham mancando;
– Limitação dos movimentos, principalmente a rotação interna;
Quando realizado exame físico da mobilidade articular, o que chama atenção é a dor com a flexão do quadril, acentuada com as tentativas de rotação interna;
Frequentemente encontramos também, leve encurtamento do membro inferior acometido.
O tempo de evolução:
Em relação à doença, 85% dos casos é de instalação lenta e progressiva.
São classificados como crônicas, sempre que as queixas durarem mais do que 3 semanas, podendo haver períodos de exacerbação e melhora.
Os casos agudos são aqueles em que os sintomas existem há menos de 3 semanas. Representam cerca de 10% dos casos.
Existem ainda os casos conhecidos como crônicos agudizados, ou seja, o adolescente tinha queixas intermitentes há mais de 3 semanas e apresenta um trauma mínimo na região, desencadeando dor intensa e aguda, muita vezes impossibilitando a marcha.
A capacidade de caminhar:
De acordo com essa capacidade, a doença pode ser estável ou instável.
Estável – Quando a criança é capaz de caminhar com ou sem muletas.
Instável – Criança apresenta impossibilidade para a marcha.
Esses casos apresentam maior gravidade, porque geralmente tratam-se de quadros agudos e com grandes deslizamentos, com possibilidade de diminuição da irrigação sanguínea da cabeça femoral e desenvolvimento de osteonecrose da cabeça femoral.
O diagnóstico:
É feito com exame radiográfico simples da bacia, em que podemos visualizar ambos os quadris.
Os achados são:
– Alargamento e irregularidade na região de crescimento do fêmur proximal;
– Deslizamento da cabeça femoral.
Na verdade, o fêmur é que desliza anterior e lateral em relação a cabeça femoral.
O tratamento:
A única forma de tratamento é com cirurgia ortopédica visando a interrupção do deslizamento da cabeça femoral.
Na maioria dos casos, tratam-se de deslizamentos crônicos, estáveis e a cirurgia indicada é a fixação da cabeça femoral com 1 parafuso canulado, feito de forma percutânea.
A incisão cirúrgica é pequena, apenas o suficiente para a passagem do parafuso e realizada sob controle de imagem, no centro cirúrgico.
O tempo de internação é curto e a reabilitação pós-operatória permite o rápido retorno às atividades.
Alguns casos, onde os deslizamentos são maiores, exigem correção de deformidades associadas para impedir o impacto femoroacetabular e garantir um quadril funcionante em longo prazo, sem osteoartrose precoce.
Conclusões:
– Epifisiólise é a principal causa de dor no quadril em adolescentes.
– A patologia tem comportamento para piora progressiva, predispondo a osteoartrose precoce, quando não tratada adequadamente.
– A única forma de tratamento é com cirurgia ortopédica para interromper a progressão do deslizamento.
– O diagnóstico é feito com exame físico ortopédico e exame radiográfico da bacia.
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
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