Doença de Legg-Calvé-Perthes:
É uma patologia da cabeça do fêmur das crianças.
A faixa etária mais acometida varia dos 4 aos 9 anos de idade.
É mais comum em meninos.
Em 10% dos casos acomete os dois quadris.
Conhecendo a patologia:
Trata-se de uma interrupção temporária e auto-limitada, na chegada de sangue na cabeça femoral da criança, levando à necrose óssea de variada extensão, com achatamento e deformidade da cabeça do fêmur.
A causa:
É desconhecida.
A principal teoria aceita atualmente, seria a de que as crianças acometidas teriam alteração na coagulação sanguínea (trombofilia), com favorecimento para a obstrução da microcirculação da cabeça femoral.
As manifestações:
As crianças na faixa etária citada, apresentam dor que pode ser localizada na virilha, coxa ou joelho, associado a:
– Dificuldade para caminhar, mancando grosseiramente, termo médico conhecido como claudicação;
– Limitação dolorosa dos movimentos, principalmente no movimento de abertura do quadril e de rotação interna;
– Não há sinais inflamatórios locais como vermelhidão, inchaço, aumento de temperatura local;
– Não há febre ou piora do estado geral da criança.
O diagnóstico:
É suspeitado pela sequência de eventos citados e também pelo exame físico ortopédico com a limitação dolorosa dos movimentos do quadril acometido.
A confirmação:
Exige exame de imagem sendo a radiografia simples, muito importante para confirmar a suspeita e classificar a extensão da necrose óssea.
O que é observado?
– Achatamento e deformidade da cabeça femoral;
– Diminuição no tamanho da epífise (cabeça do fêmur);
– Incongruência articular;
– Fratura subcondral, ou seja, o osso necrótico, tem sua resistência diminuída e com isso, o próprio peso corporal da criança é capaz de provocar uma pequena fratura nesse osso enfraquecido, exacerbando os sintomas dolorosos.
A doença:
Tem evolução prolongada e em 4 fases bem distintas:
– Fase de necrose (é o início da patologia, onde há a interrupção da chegada de sangue na cabeça femoral);
– Fragmentação (caracteriza-se pela fratura subcondral e achatamento da cabeça femoral);
– Reossificação (nesta fase, o fluxo sanguíneo para a cabeça femoral é restabelecido e o osso necrótico vai sendo reabsorvido e substituído por osso novo e normal);
– Remodelação (fase final da doença, em que o novo osso formado vai sendo moldado ao formato arredondado da cabeça femoral original, desde que o quadril esteja com a congruência preservada).
O prognóstico:
Em linhas gerais, depende da idade de início da doença, da extensão da necrose da cabeça femoral e do sexo acometido.
Geralmente, quando a patologia tem seu início até os 6 anos de idade, tem melhor prognóstico.
Os meninos têm evolução mais favorável do que as meninas, que tendem a ter formas mais graves de necrose.
A extensão da necrose:
É quantificada através dos exames de imagem, sendo que quanto maior a área de necrose da cabeça, pior será o prognóstico.
O tratamento:
Objetivos:
– Retirar a dor;
– Melhorar os movimentos do quadril;
– Manter a cabeça femoral com a forma esférica e minimizando a deformidade e o achatamento;
– Manter a articulação congruente.
Como obter analgesia?
São prescritos medicamentos analgésicos e recomendado descarga do peso no quadril acometido com o uso de muletas.
O ganho de movimento:
Deve ser obtido com trabalho intensivo de fisioterapia motora com cinesioterapia, visando ganho de abertura dos quadril e rotação interna.
Exercícios na piscina também são recomendados.
Quando a evolução é desfavorável?
Outras medidas devem ser tomadas.
Para os casos em que os movimentos vão sendo progressivamente diminuídos, temos como opção, a utilização de gessos sucessivos em dupla abdução para que a criança tenha capacidade de ganhar progressivamente mobilidade perdida do quadril.
Alongamentos tendinosos cirúrgicos podem ser realizados para facilitar o ganho de mobilidade.
Os casos cirúrgicos?
Devem ser avaliados individualmente e têm por objetivo restabelecer a congruência da articulação do quadril.
Para isso, existem as cirurgias de redirecionamento do fêmur proximal ou do acetábulo (osso que cobre o quadril).
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
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