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Marcha na Ponta dos Pés: devo me preocupar?







O início da marcha independente se faz geralmente entre 11 e 12 meses – sendo considerado normal até os 18 meses. Algumas crianças começam a marcha no tempo certo, porém, na ponta dos pés, mas alternando com calcanhar no chão. Na maioria das vezes isso é temporário, ocorre devido à imaturidade do sistema nervoso central e a falta de coordenação motora. O passo começa com o apoio do calcanhar no chão, seguido pela planta do pé e, por último, pela ponta do pé.

No início da marcha, pode não haver esse controle fino do movimento, e assim a criança começa a caminhar a maior parte do tempo na ponta e, quando parada, coloca o calcanhar no chão. Isso é motivo de preocupação dos pais e motivo de consulta médica. A primeira coisa que procuramos saber é sobre as condições do nascimento:

– Prematuridade;

– Dificuldade respiratória;

– Permanência em UTI neonatal.

São fatores de risco para marcha na ponta dos pés, por dano na área cerebral que controla o movimento (diagnóstico diferencial com paralisia cerebral).

Outro ponto importante é saber se a marcha já começou assim ou se a criança começou andando com calcanhar no solo e mais tarde começou a pisar ponta de pé.

Saber se a criança tem fraqueza muscular é fundamental para formularmos o diagnóstico. Existem métodos no exame físico que definem a força dos membros inferiores.

Em alguns casos, a avaliação do neurologista pediátrico também é importante para afastar outros diagnósticos que cursam com marcha na ponta dos pés.

Nos casos sem fatores de risco (citados acima), com exame físico normal em crianças de baixa idade, muitas vezes, só será necessário observação até a idade pré-determinada para a correção espontânea. Esses casos são considerados os andadores idiopáticos na ponta dos pés e, como o nome diz, não têm causa definida.

O acompanhamento médico é extremamente importante, porque nos casos que não corrigem espontaneamente, o tratamento deve ser logo iniciado.

Na prática o que vejo é o seguinte:

– Os médicos generalistas não sabem reconhecer os casos que passaram do tempo da correção espontânea e, ao invés de começarem o tratamento, optam por dizer que não precisa fazer nada e que o padrão da marcha vai melhorar sozinho.

– Outros prescrevem palmilhas, com a justificativa que vai corrigir a marcha. Com isso, o tempo vai passando e deformidades, que eram inicialmente bem flexíveis, vão se tornando rígidas ao ponto da criança não conseguir encostar o calcanhar no chão, nem quando parada, podendo vir a ser um caso cirúrgico. Sem contar o estigma que isso causa no convívio com outras crianças.

Como é feito o tratamento?

Existem várias formas de abordar o assunto:

> Tratamento conservador

Deve ser iniciado assim que o prazo da correção espontânea terminar. Fisioterapia motora com exercícios de alongamento da panturrilha e treinamento de marcha com profissional qualificado, associado ao uso de órteses (aparelhos nos pés, com tiras de velcro), para manter os músculos da panturrilha alongados.

Casos refratários se beneficiam de aplicação de toxina botulínica (Botox) na panturrilha com intuito de relaxar os músculos, permitindo que o calcanhar toque no solo durante a marcha – podendo ou não ser usado gesso para alongar o músculo após a aplicação do remédio.

> Tratamento cirúrgico

É de exceção. Só deve ser recomendado em caso de falha do tratamento conservador em crianças com idade mais avançada, e em casos onde os pés, ao serem examinados, não conseguem chegar à posição normal por encurtamento fixo da panturrilha. Oferecem bons resultados e, quando realizado na idade adequada, a correção é definitiva.

DICAS

– O início da marcha na ponta dos pés deve ser avaliado o mais rápido possível;

– Existem diagnósticos diferenciais que devem ser afastados;

– Existem prazos de espera para recuperação espontânea que devem ser respeitados;

– Quando a recuperação espontânea não ocorre, o tratamento deve ser iniciado logo;

– O tratamento conservador deve ser realizado sempre que os pés possam ser posicionados em posição neutra no exame físico;

– Atraso no tratamento levará à deformidades fixas, só restando o tratamento cirúrgico como opção;

– A cirurgia oferece ótimos resultados com correções definitivas quando realizados na idade adequada.

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Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.

Consultório: Barra Life

Av. Armando Lombardi, 1000 – sala 231, bloco 2, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro

Telefone para contato: 3264-2232/ 3264-2239



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