Infelizmente, todos os dias vemos notícias de crianças vítimas de maus tratos, seja físico, psicológico, sexual ou negligência (abandono).
Vou me concentrar na violência física, cujos sinais podem ser notados por qualquer pessoa que lida com a criança e, que na maioria das vezes, ocorre no próprio domicílio, provocado por aqueles que mais deveriam protegê-la.
Cuidadores de creche, professores, pediatras, dentistas, e quaisquer outros profissionais que trabalham com crianças, devem ficar atentos. Muitas vezes os sinais estão evidentes e a simples suspeita e denúncia pode salvar a vida daquela criança.
A incidência desse tipo de violência é desconhecida, porque muitos casos não são denunciados. É importante ressaltar que ocorre em qualquer classe social. Não há discriminação!
As mais acometidas são as mais jovens e indefesas, uma verdadeira covardia!
VOCÊ SABIA?
Estudos revelam que 78% têm menos de 3 anos de idade, e 50% menos de 1 ano.
O diagnóstico nem sempre é fácil, depende de alto grau de suspeita.
50% das fraturas em menores de 1 ano e 1/3 das fraturas em menores de 3 anos são provocadas por agressão física. Este é um dado importante na suspeita.
IMPORTANTE!
A pele é o local do corpo onde fica mais evidente a violência e, não raro, nos deparamos com marcas de queimadura, equimoses, hematomas e escoriações em vários locais.
Examinar a criança toda é extremamente importante. Muitas vezes, as áreas corporais agredidas não estão cobertas, como por exemplo, na face, principalmente ao redor dos olhos, onde equimose (roxo) e hemorragia conjuntival (na área branca do olho) chamam atenção.
A boca também é outro local suscetível à agressão física. Edema nos lábios pode ser sinal de agressão.
Esclarecer esses sinais com os responsáveis pela criança é de suma importância, e a repetição desses episódios é suficiente para denúncia.
OUTROS DADOS IMPORTANTES PARA SUSPEITA
Geralmente a criança vítima de agressão chega ao médico tardiamente. Aqueles que a levam contam histórias contraditórias e não compatíveis com as lesões encontradas. Lesões na pele e esqueleto estão, na maioria das vezes, em estágios diferentes de cicatrização.
O comportamento da criança perto dos agressores também é um ponto importante, pois ela fica apreensiva e introvertida. E quando estão longe ficam mais espontâneas e alegres.
Relatos de vizinhos sobre comportamento choroso de crianças que ficam com cuidadores, na ausência dos pais, pode chamar atenção para algo errado. Infelizmente há casos em que o agente agressor é o próprio cuidador.
Devemos ficar atentos. Isso pode estar acontecendo com qualquer um de nós. Os riscos de não identificação e denúncia são altos. Estatísticas mostram que quando a criança volta ao ambiente hostil, nova agressão ocorre em 50% dos casos, e essa será fatal em 5 a 10%.
Vamos ficar atentos na proteção das crianças!
Os conselhos tutelares são órgãos destinados a fazer a sociedade cumprir com os direitos da criança e do adolescente – Estatuto da criança e adolescente.
Cabe à sociedade como um todo denunciar aos conselhos tutelares os casos suspeitos. São eles que apuram, tomam medidas de proteção e os casos confirmados são encaminhados ao poder público para tomar as medidas cabíveis de proteção ao menor.
A denúncia pode ser feita por escrito, por telefone, pessoalmente, e pode ser anônima. Basta informar o tipo de violência e o endereço da vítima. Os conselhos tutelares são fundamentais na proteção e a sociedade conta com esse aliado. Vivemos numa sociedade violenta e esse é o cenário atual. Vamos diminuir as estatísticas de agressão à criança!
Não sejam omissos! Não fiquem com medo. Denunciem casos suspeitos. Esta simples ação pode salvar uma vida.
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
Av. Armando Lombardi, 1000 – sala 231, bloco 2, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro
Telefone para contato: 3264-2232/ 3264-2239
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