É uma grande satisfação para os pais quando seus filhos dão os primeiros passos.
Algumas famílias, no nosso meio, usam o andador para ajudar as crianças a aprenderem a caminhar ou para oferecer algum exercício e mobilidade para o bebê.
Muitas crianças parecem ficar felizes quando conseguem se sustentar e caminhar por meios próprios como o uso do andador.
Observamos também, com alguma frequência, que algumas famílias usam o andador para manter a criança ocupada e “segura”, pois tem a falsa sensação de segurança nesta situação, enquanto os pais ou cuidadores fazem outra atividade.
O que os pais e cuidadores precisam saber?
O uso dos andadores é perigoso para os bebês. Isso é fato!
Estudos nos EUA, divulgados nos anos 90, abordando aspectos sobre a segurança dos produtos para crianças, afirmaram que os andadores foram os responsáveis por mais lesões do que qualquer outro produto para crianças.
Os tipos de lesões mais frequentes incluem:
– Trauma craniano;
– Trauma no pescoço (coluna cervical), especial atenção deve ser dado àquelas com possibilidade de instabilidade cervical, como as com Síndrome de Down;
– Fraturas;
– Escoriações, sendo mais frequentes no rosto e tórax;
– Dentes quebrados;
– Traumatismo e esmagamento de dedos da mãos.
Outro perigo citado seria de que os andadores permitem uma mobilidade acima da capacidade natural da criança de baixa idade e mais rápido do que o tempo de reação dos pais ou cuidadores na hora de evitar um acidente.
Estudos revelam que nos acidentes com andador, em 75% dos casos havia um adulto testemunhando o ocorrido e mesmo assim o acidente aconteceu, pois a velocidade da criança é maior do que a reação do cuidador.
Portanto, mesmo sob supervisão de um cuidador, a incidência de lesões é ainda elevada.
As situações mais relatadas são lesões que ocorrem quando a criança com o andador, cai da escada ou aquelas relacionadas ao aumento da estatura da criança dentro do andador, permitindo-as alcançarem objetos em mesas, colocando-as em risco de serem atingidas por líquidos quentes (dentro de copos ou xícaras) e objetos pesados.
Muitos leigos argumentam que o uso do andador seria benéfico para o desempenho motor da criança e desenvolvimento da marcha, mas será que este argumento é verdadeiro?
Hoje sabemos, com comprovação científica, que os andadores são perigosos e não oferecem benefícios motores para o desenvolvimento da criança.
Na segunda metade do primeiro ano de vida, as crianças saudáveis têm necessidade de deslocamento no chão.
Começam rolando, depois se arrastam até chegarem a fase de engatinhar.
As crianças têm prazer em alcançarem os brinquedos colocados no chão utilizando qualquer uma dessas formas de locomoção.
Faz parte do desenvolvimento motor normal da criança passar por essas fases.
Mais tarde, ainda no desenvolvimento normal da criança, seu foco será direcionado para conseguir ficar em pé sozinha, conseguindo, com apoio dos braços e segurando na mobília, passar da posição sentada para de pé.
Esta é a história natural do desempenho motor da maioria das crianças.
As crianças que usam o andador, “pulam” algumas dessas etapas normais e importantes do desenvolvimento motor.
No andador a criança fica de pé, antes de estar preparada para isso, ou seja, antes do tempo natural para isso ocorrer.
“Pular” etapas do desenvolvimento motor não é uma atitude que deva ser recomendada.
Além disso, adiciona perigo para a criança, expondo-a a quedas frequentes com possibilidade de lesões importantes, pois no caso de queda, o peso do andador, somado ao peso corporal da criança, aumenta o impacto causado ao segmento corporal, resultando em maior dano.
Além disso, nos casos de queda, o bebê não é capaz de se livrar do andador, ficando aprisionado dentro dele.
Conclusões:
O andador não é um produto essencial para a criança e portanto não deve ser usado.
Não ajuda a criança a aprender a andar, na verdade, pode até inibir o desenvolvimento da marcha independente, porque faz a criança “pular” etapas importantes do desenvolvimento motor.
Os objetivos dos profissionais de saúde são os de educar pais e cuidadores sobre os riscos do andador para as crianças.
As conclusões sobre o exposto, devem ser tomadas por cada família (pai, mãe, cuidadores), que são adultos responsáveis por promover a segurança e proteção da criança.
Cada responsável adulto assume as consequências dos seus atos.
Cabe ao profissional de saúde apenas a informação sobre o que a literatura médica contemporânea recomenda.
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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