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O quadril na Síndrome de Down






A vigilância necessária:

O quadril é uma articulação formada pela cabeça femoral esférica que se articula com o osso da bacia conhecido como acetábulo.



O acetábulo, cobre a cabeça femoral quase que completamente, sendo considerado o “teto” da articulação, tornando a articulação estável e congruente.

A estabilidade da articulação depende dos ligamentos, músculos e do formato normal dos componentes ósseos.

A nomenclatura dos problemas:

O quadril é dito como instável, quando a cabeça femoral sai e volta para sua posição normal dentro do acetábulo, espontaneamente, podendo ou não ter sintomas dolorosos.

O quadril estará subluxado quando a cabeça do fêmur estiver parcialmente fora do acetábulo, de forma que grande parte da cabeça, não estará coberta pelo “teto” acetabular.

O quadril é considerado luxado quando a cabeça femoral estiver completamente fora do acetábulo, de forma permanente, levando ao encurtamento da perna e marcha mancando grosseiramente.




Qual a preocupação com os quadris na Síndrome de Down?

A instabilidade é a principal patologia do quadril na Síndrome de Down.

A história natural do quadril instável, se não tratado, é de piora progressiva, evoluindo para subluxação até o deslocamento completo e fixo (luxação), com perda da função e dor.

Com a piora do quadril, caminhar se torna difícil e a osteoartrose precoce se desenvolve.

O acompanhamento ortopédico:

A maioria das crianças com Síndrome de Down, apresenta quadris hipermóveis mas estáveis, antes da idade de 2 anos.

Entre 2 e 10 anos de idade, a maioria dos problemas de quadril começam a aparecer.

Surgem episódios de instabilidade, sem dor, com os quadris saindo da sua posição original e voltando espontaneamente.

Nos momentos iniciais, como não há dor, a instabilidade só será descoberta se procurada pelo médico que acompanha a criança.

O diagnóstico é feito com manobras de exame físico, realizada nas consultas periódicas de acompanhamento.

Exame de imagem também complementa a avaliação da anatomia da articulação.

Nos primeiros episódios, a instabilidade pode se manifestar na forma de quedas frequentes, que ocorrem devido ao falseio do quadril, ou seja, a instabilidade faz com que a criança tenha diminuição da força na perna e caia.

Quando não detectada e tratada adequadamente, a história natural desfavorável continua e o acetábulo, ou seja, o “teto” do quadril, começa a ter prejuízo no seu desenvolvimento.

Assim, a cabeça femoral fica parcialmente sem cobertura, situação chamada de subluxação.

Sem tratamento, ainda temos evolução para piora, ou seja, perda completa da cobertura da cabeça femoral, encurtamento da perna e marcha mancando muito, situação conhecida como luxação do quadril.

Importante ressaltar que no início do quadro, cada episódio de instabilidade provoca lesão na cartilagem que recobre a cabeça femoral, contribuindo para o surgimento de sintomas e piorando o prognóstico.

O tratamento:

Uma vez identificado o problema, mesmo sem dor, o tratamento precisa ser feito.

Não adianta esperar, uma vez instável, o quadril não melhora espontaneamente.

Além disso, esperar o surgimento de sintomas, já significa iniciar o tratamento tardiamente, pois como foi dito, a cada novo episódio de deslocamento, a cartilagem da cabeça femoral sofre microlesões que pioram o prognóstico.

Por que os quadris são instáveis na Síndrome de Down?

Historicamente sabemos que frouxidão ligamentar e hipotonia muscular são fatores de risco para a instabilidade.

Estudos recentes têm acrescentado importantes dados ao nosso conhecimento sobre o assunto.

Um dos principais fatores que levam à instabilidade do quadril vem a ser a orientação anômala do acetábulo, ou seja, o formato do acetábulo deixa parte da articulação predisposta à instabilidade.

O acetábulo não tem um bom desenvolvimento na parte posterior, fazendo com que a cabeça femoral desloque nessa direção.

A única forma de tratamento eficaz para instabilidade dos quadris na Síndrome de Down é com cirurgia ortopédica.

Os resultados cirúrgicos obtidos, passaram a ser uniformes com os recentes avanços na literatura médica, que indica obrigatoriedade da correção da orientação acetabular, com cirurgia óssea denominada de osteotomia de redirecionamento.

Procedimentos associados podem estar indicados na dependência de cada caso.

Conclusões:

Acompanhem periodicamente os quadris de seus filhos.

O diagnóstico da patologia do quadril no início, não depende de sintomas e sim de uma boa consulta médica.

Diagnóstico e tratamento precoce é fundamental para garantir bons resultados.

Não fiquem com dúvida, marquem uma avaliação.


Um abraço a todos!



Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.

Consultório: Barra Life

Av. Armando Lombardi, 1000 – sala 231, bloco 2, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro

Telefone para contato: 3264-2232/ 3264-2239




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