Muitos têm para si que o autismo é uma doença, mas na realidade ele é um transtorno do neurodesenvolvimento. Para facilitar o entendimento de vocês, explicarei o que é transtorno e o que é doença.
Transtorno caracteriza um desajuste neurológico e possui origem biológica. Ou seja, você não adquire um transtorno, não “pega” um transtorno, ele nasce com você. Da mesma forma que não ”se pega Autismo”,não existe cura para ele. Uma pessoa autista não deixa de ser, ela não “sai do espectro”. Não importa o tratamento oferecido. Afinal, não é doença.
A forma de desenvolvimento varia de acordo com o “tipo de transtorno”. Envolve um conjunto de sintomas que tendem a acarretar dificuldades no desenvolvimento social e prejuízos psíquicos.
Já uma doença pode ser provocada tanto por agentes internos (má formação genética, doença autoimune), quanto por agentes externos (vírus, bactérias, estresse) e, em alguns casos, tem potencial de transmissão. Uma doença é um desequilíbrio da saúde física, mental ou emocional de um organismo vivo.
Cabe ressaltar que a partir do DSM 5 (manual utilizado por profissionais da área de saúde, com critérios de diagnóstico para várias transtornos, doenças, síndromes, distúrbios e tudo de ordem mental), a Síndrome de Aspeger passa a fazer parte dos Transtornos do Espectro Autista (TEA), pois englobam uma mesma base. Sendo assim, deixa de ser caracterizada como uma síndrome.
Sabemos que o Transtorno do Espectro Autista tem origem multifatorial, envolvendo uma série de ajustamentos fisiológicos e genéticos, mas ainda não são claras as causas. Existem muitas teorias a cerca do tema, mas nenhuma pode ser considerada verdade absoluta. Trata-se de um desvio no desenvolvimento do cérebro, que manifesta, normalmente, desde os primeiros meses de vida. Esse desvio se caracteriza por comprometimento na comunicação e interação social, com padrões de comportamento mais restritos e repetitivos (em fala, comportamento, atividades e interesse).
Embora o comprometimento nessas áreas seja compartilhado por todas as pessoas autistas, o TEA é um transtorno qualitativo. Isso implica que a intensidade e forma como cada pessoa irá manifestar os sintomas será variada. Alguns terão comprometimento severo, podendo perceber de forma clara. Outros podem ter uma manifestação tão sutil que passe desapercebido (o que não significa que as pessoas de nível 1 de suporte não precisem de tratamento). Pode ser que os sinais sejam marcantes no início da vida e amenizem no decorrer do desenvolvimento e o oposto pode acontecer também.
Os sinais do autismo podem ser notados nos primeiros meses. O tratamento deve ser iniciado tão logo seja dado o diagnóstico. Quanto mais cedo é iniciado o tratamento mais chances temos de oferecer um desenvolvimento com suporte e acolhimento para a pessoa autista. Respeitando suas necessidades e oferecendo maiores possibilidades de autosuporte.
Receber o diagnóstico do TEA é desestruturante para algumas famílias. Permitam-se chorar, ficarem tristes e até mesmo com raiva, mas não deixe que o medo o afaste de seu filho. Nenhum diagnóstico deve se sobrepor a uma pessoa. Somos muito além de classificações de diagnose. Ser autista não é um problema. Lembrem-se: toda jornada tem suas dificuldades, independente de qualquer diagnóstico, mas se estiver difícil lidar com a situação busque ajuda profissional. Não só para o seu pequeno, mas para confortar e empoderar você, pai ou mãe. É essencial que a família encontre suporte para que possa acolher e auxiliar, com qualidade e respeito, o desenvolvimento de sua criança.
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Juliana Pellegrino, Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010). É Gestalt-terapeuta pelo Centro de Gestalt-Terapia Sandra Salomão e Terapeuta Familiar Sistêmica Breve pelo Núcleo Pesquisas – Moisés Groisman. Trabalha como Psicoterauta individual de crianças, adolescente e adultos e também faz atendimento familiar e de casal. Trabalha atualmente com intervenção precoce em crianças com desvios no desenvolvimento, com o foco em crianças com possível risco autístico ou já diagnosticadas autistas. Também realiza Grupos Terapêuticos Infantis (enfoque na melhoria de habilidades sociais e estimulo de desenvolvimento) e Grupos Terapêuticos de Adultos (os temas variam de acordo com a demanda, por exemplo: Grupo de apoio à mães de crianças especiais).
Consultório: Largo do Machado, Rio de Janeiro – Brasil
Telefone para contato: (21)98320-4159
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