Dor noturna nos membros inferiores é uma queixa comum nas consultas ortopédicas pediátrica.
Estabelecer a causa exata para o problema não é uma tarefa fácil.
Saber as características da dor, sua localização, a frequência em que ocorre, presença ou não de sinais inflamatórios locais, o estado geral da criança e o exame da marcha com principal atenção para possível claudicação (mancar), nos darão pistas sobre as possibilidades de diagnóstico.
Dentre as diversas possibilidades, devemos sempre ter em mente o diagnóstico de osteoma osteóide.
O que é osteoma osteóide?
Trata-se de uma lesão óssea benigna ativa, pequena, que compromete os ossos longos principalmente dos membros inferiores, ou seja, o fêmur (osso da coxa) e a tíbia (osso da perna).
Acomete crianças e adolescentes.
Clinicamente, caracteriza-se por dor intermitente no segmento acometido, que piora a noite, muitas vezes, acordando a criança e exigindo inclusive uso de analgésico para amenizar a queixa.
O estado geral da criança permanece inalterado mas há, frequentemente, leve e sutil claudicação (mancar) na marcha.
No exame físico ortopédico, frequentemente, conseguimos localizar o segmento acometido pela dor (fêmur ou tíbia), pois a dor pode ser provocada por manobras específicas.
A suspeita diagnóstica, só pode ser confirmada com a realização de exames de imagem, sendo a radiografia simples e a tomografia os mais indicados.
O diagnóstico pode ser feito com a combinação de história clínica, exame físico específico e exames de imagem.
Geralmente, não há necessidade de biópsia para a confirmação.
O que encontramos no exame de imagem?
A imagem típica caracteriza-se por uma área central escura, chamada de “nidus”, rodeada por uma área esclerótica, ou seja, branca, que representa osso normal, pois a lesão é produtora de osso.
Note a área escura central rodeada por área branca periférica
Outra característica encontrada é a de ser uma lesão pequena e bem delimitada.
A lesão não enfraquece o osso e, portanto, não leva à fratura dita patológica, ou seja, aquela provocada por trauma de baixa intensidade em osso acometido por patologia prévia.
O principal problema da lesão é a dor incapacitante para a criança que necessita de tratamento.
Quais as principais modalidades de tratamento?
O tratamento depende da localização da lesão e da intensidade dos sintomas.
A principal modalidade existente é a ressecção cirúrgica do “nidus” (área central da lesão), com o procedimento sendo realizado sob controle de intensificador de imagem.
Em lesões de difícil acesso cirúrgico, há a possibilidade de ablação térmica do “nidus” (área central da lesão), com radiofrequência, em procedimento feito sob anestesia e guiado por tomografia computadorizada para o exato posicionamento do cateter de radiofrequência.
O prognóstico é bom, evoluindo para a cura completa da lesão e sintomas, desde que o “nidus” seja ressecado completamente.
Recorrências podem ocorrer se a ressecção cirúrgica da área central da lesão for incompleta.
Conclusões:
Fazer o diagnóstico exato para a dor noturna nos membros inferiores de crianças nem sempre é uma tarefa fácil.
Existem diversas possibilidades de diagnóstico diferencial para a mesma queixa.
Somente através de consulta ortopédica detalhada com história clínica, exame físico específico e exames de imagem, chegaremos a causa exata.
O osteoma osteóide deve ser sempre incluído como uma dessas possibilidades de diagnóstico.
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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