Deformidades nas pernas das crianças e adolescentes são sempre uma preocupação para os pais.
As pernas tortas, seja para dentro ou para fora, geram muita polêmica quanto às diversas formas de tratamento existentes ao longo dos anos e das gerações.
Aqui, o leitor terá a oportunidade de conhecer o que de mais moderno e atual existe quanto ao alinhamento das pernas de adolescentes.
Chamamos de geno varo, a deformidade em que, ao ficarmos em pé e encostarmos um tornozelo no outro, observamos que os joelhos estão arqueados e afastados (popularmente conhecido como pernas arqueadas ou joelhos para fora).
Chamamos de geno valgo, a deformidade em que, na postura ereta, ao encostarmos os joelhos, observamos um afastamento dos tornozelos (popularmente conhecido como pernas em tesoura, joelhos para dentro ou em “X”)
Chamamos de alinhamento reto das pernas, aquelas em que, na postura ereta, ao encostarmos os joelhos, observamos que os tornozelos também se tocam, lado a lado.
Para que os membros inferiores estejam com alinhamento normal, não necessariamente precisam ser retos, ou seja, ter geno varo ou geno valgo leve, pode ser considerado fisiológico e normal.
Existe uma história natural para o alinhamento das pernas das crianças e, de acordo com as idades, sabemos pelo exame físico ortopédico, o tipo de deformidade que deverá existir.
Deformidades fisiológicas, ou seja, aquelas que são próprias para as idades em que estão sendo avaliadas as crianças, não devem ser tratadas, pois a sua evolução é para correção espontânea.
São contra-indicadas quaisquer medidas de tratamento que são ineficazes e que não interferem na evolução natural dos casos fisiológicos.
Sabemos que além das idades, o alinhamento dos membros inferiores sofre influências também relacionadas ao sexo, peso, raça e da história familiar de pai e mãe.
Estudos revelam que na adolescência existem diferenças no alinhamento das pernas entre os meninos e meninas.
Nesta fase, é mais comum em mulheres, encontrarmos angulação em valgo, constante e estável, dos membros inferiores e, desde que não seja acentuado, será considerado fisiológico.
Já nos meninos, na adolescência, apresentam uma angulação em valgo que tende a sofrer mudança nos últimos anos de crescimento esquelético, ou seja, a partir dos 14 anos de idade, é comum ocorrer uma alteração na angulação para um leve geno varo que, pode ser considerada fisiológico, desde que não seja acentuado.
Com relação aos adolescentes com sobrepeso e obesidade, estudos revelam que o geno valgo, nesses casos, tende a ser acentuado devido ao aumento de tecido adiposo nas coxas e joelhos bem como a sobrecarga nas estruturas ligamentares dos joelhos, superando a capacidade destas estruturas em manter o alinhamento articular, quando na postura ereta.
Como saber que uma deformidade em varo ou valgo não é acentuada para a idade?
Isso exige medições clínicas que são feitas na consulta médica. São as chamadas medições da distância dos tornozelos e joelhos quando são posicionados os membros inferiores lado a lado.
São avaliados também o índice de massa corporal do adolescente, a estabilidade ligamentar articular e os desvios rotacionais associados, muito comuns em deformidades angulares das pernas.
Outro dado muito importante na avaliação da deformidade é a análise do chamado eixo mecânico de carga do membro inferior.
Trata-se de uma avaliação, feita através de exame de imagem, em que são traçados linhas que representam a direção da força do peso corporal passando através das superfícies articulares.
Quando uma deformidade é acentuada, o eixo mecânico de carga do membro inferior sofre um desvio que promoverá, a longo prazo, desgaste assimétrico articular, predispondo a degeneração precoce com surgimento de osteoartrose.
Conclusões:
Para saber se o alinhamento das pernas do adolescente está dentro do padrão de normalidade, todas esses fatores citados devem fazer parte da avaliação médica ortopédica, em consulta.
O tratamento só será necessário para aqueles casos que apresentem deformidades acentuadas e fora dos padrões fisiológicos.
Os objetivos do tratamento são alinhar os membros inferiores para a prevenção de desgaste articular precoce (osteoartrose) e aliviar a dor articular por sobrecarga mecânica, daqueles casos acentuados.
Deformidades fisiológicas e leves não devem ser tratadas simplesmente por questões relacionadas à estética.
Um abraço a todos!
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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