Neste texto vou falar sobre os cuidados com os quadris do recém-nascido e diagnóstico precoce da luxação congênita, assunto muito importante na ortopedia pediátrica.
Por quê?
Os quadris são articulações nobres dos membros inferiores. Quando mal formados, seja por instabilidade (quadril sai e volta para sua posição normal) ou por luxação congênita (nasce fora da posição), pode levar a graves sequelas na marcha.
Essa patologia é silenciosa, não dói, sendo impossível a percepção pelos pais de que algo está errado, porque os sinais são muito sutis. O termo médico usado para denominar as alterações do quadril do recém-nascido é displasia do desenvolvimento do quadril.
Como posso saber se meu bebê nasceu com os quadris normais?
Só o médico pode dizer isso. A avaliação é tão importante que já começa na sala de parto com exame físico feito pelo pediatra.
No mundo todo existem protocolos para diagnóstico precoce, alguns incluindo exames de imagem para toda criança recém-nascida, o que parece ser um excesso para a grande maioria dos estudiosos no assunto, uma vez que o mais aceito atualmente para o diagnóstico é o exame físico adequado realizado por profissional treinado em identificar as anormalidades.
Infelizmente, nem todos os profissionais que lidam com o recém-nascido tem este preparo e vejo muita confusão nas avaliações iniciais. Não podemos, por exemplo, admitir orientações do tipo: “usar dupla fralda para proteger os quadris” quando há suspeita. Isto não existe!
O diagnóstico precoce é a chave do sucesso do tratamento!
Se o problema não for tratado precocemente, quais serão as consequências?
– Perda progressiva dos movimentos (criança abre menos a perna na troca de fraldas);
– Encurtamento da perna;
– Começar a marcha mancando;
Obs: A dor só aparece tardiamente, portanto não devemos esperar surgir dor para procurar auxílio.
LUXAÇÃO CONGÊNITA DOS QUADRIS
Luxação congênita dos quadris não tem sintomas na fase inicial, portanto só é descoberta se for adequadamente procurada.
Quando o exame físico revela alguma anormalidade (estalidos), a criança, ao sair da maternidade deve ser encaminhada para avaliação do especialista para confirmar ou afastar o diagnóstico.
Fatores de risco para a luxação:
– Criança em apresentação pélvica;
– Primeira gravidez;
– Criança do sexo feminino
– História familiar positiva;
Como posso suspeitar?
Não é fácil para os pais, porém, posso dar algumas dicas: observar as dobrinhas das coxas, perto da virilha, onde o normal é serem iguais em ambos os lados, a presença de dobrinha a mais de um lado deve alertar para algum problema.
Outro dado é ao trocarem as fraldas, quadris que estalam devem sempre ser avaliados. Após o segundo mês de vida, o que vai chamar atenção é a dificuldade em abrir o quadril no lado afetado.
Como e quando devo tratar?
Os melhores resultados são obtidos quando o tratamento é iniciado nos primeiros 6 meses de vida. Nesta fase, geralmente, o quadril é posicionado adequadamente com manobras clínicas simples e mantidos com uso de aparelhos com tiras que permitem movimentos dentro de uma posição de segurança, até a sua completa estabilidade, como o da foto acima.
Dos 6 meses aos 18 meses, o quadril só poderá ser posicionado com a criança anestesiada e no centro cirúrgico, com manobras clínicas, geralmente não sendo necessário cirurgia e a posição mantida com aparelho gessado por tempo prolongado.
Após 18 meses, o quadril só poderá ser posicionado com cirurgia considerada de grande porte, sendo a posição obtida mantida com aparelho gessado.
Conclusão:
Mães e pais que notarem, ao trocar fraldas de seus recém-nascidos, estalos nos quadris, procurem avaliação o quanto antes. Podemos estar diante de uma luxação congênita dos quadris, e quanto mais cedo iniciarmos o tratamento, melhores serão os resultados.
Dr. Maurício Rangel é formado em Medicina pela Faculdade Souza Marques (1994) e médico Ortopedista Pediátrico. Trabalha atualmente em consultórios com atendimento ambulatorial e cirurgias ortopédicas pediátricas eletivas. Especialista em diversas patologias musculoesqueléticas em crianças e adolescentes e cirurgias relacionadas.
Consultório: Barra Life
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Telefone para contato: 3264-2232/ 3264-2239
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